Tem tudo a ver com plâncton - artigo traduzido.

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Edu Seto
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Tem tudo a ver com plâncton - artigo traduzido.

Mensagem por Edu Seto » Seg Abr 06, 2009 4:05 pm

Pessoal,

Após longa ausência, aqui vai um artigo que traduzi da Bassmaster de nov/2005.

Trata do papel do plâncton na cadeia alimentar do bass (e de outros predadores, creio eu). E, logicamente, como este conhecimento pode nos ajudar na localização do bass.

Não traz respostas definitivas a várias indagações, mas acho que ajuda a entender algumas situações práticas.

[]s e boa leitura.
Edu

Tem tudo a ver com plâncton

Por Mark Hicks
Revista Bassmaster, novembro de 2005.

O círculo da vida para a maioria dos basses gira em torno dos shads (espécie forrageira, n.t.) e o dos shads em torno do plâncton. Aprenda a achar basses seguindo o que é muito pequeno para se ver...

Se os pescadores de bass quiserem micromanage (gerenciar de maneira muito detalhada, n.t.) com sucesso seus dias de pesca, aprender a achar plâncton deveria ser a primeira prioridade do negócio. Temperatura da água, pressão atmosférica em queda e vento ditam os movimentos desses microorganismos.

Quando o legendário pescador de smallmouth Billy Westmoreland faleceu em setembro de 2002, Steve Headrick, guia de pesca em Dale Hollow, perdeu um estimado amigo e mestre. Headrick sente-se abençoado pelas vezes em que ele e Westmoreland pescaram juntos em Dale Hollow e ele continua a se beneficiar das lições aprendidas com o seu mentor.

Westmoreland veio à memória quando Headrick e seu amigo Mike Moore navegaram por Dale Hollow durante uma tarde de pescaria de bass. Uma frente fria havia levado embora as nuvens de chuva da manhã e substituiu-as por ventos do norte, blue skies (céu sem nenhuma nuvem, n.t.) e um sol brilhante. Depois de terem esquadrinhado várias margens com pedras com crankbaits de barbela longa, Headrick e seu amigo ainda estavam procurando pelo primeiro ataque.

Então, Headrick lembrou-se de algo que Westmoreland havia dito para ele. Imediatamente ele navegou para Iron Creek onde o vento jogava ondas contra íngremes margens do lado sul. Como Headrick esperava, os forrageiros moveram-se para perto da margem batida pelo vento para comerem no turbilhão. Os crankbaits arremessados para a margem renderam 15 smallmouth-basses, nove dos quais mediram mais de 18 polegadas (45 cm, n.t.) de comprimento.

A recomendação de Westmoreland foi pescar em margens batidas pelo vento ou que o vento levaria os shads (espécie forrageira, n.t.) para a margem?

Não exatamente. Ele disse: “Não tem a ver com forrageiro, nunca teve a ver. Sempre teve a ver com plâncton.” Suas palavras mudaram para sempre o modo como Headrick olha para um corpo dágua.
Westmoreland contou a Headrick que os shads e outros forrageiros se alimentam de plâncton e seguem esta fonte de alimentação. O plâncton determina os paradeiros dos forrageiros e os basses seguem os forrageiros como um barulhento bando de crianças perseguindo um caminhão de sorvete.

“Eu não sei dizer quantos artigos eu já li que dizem que o vento empurra os forrageiros contra a margem,” diz Headrick. “Eu não acho que isto realmente aconteça. Billy disse que o vento empurra o plâncton contra a margem e é isto que traz os forrageiros. Eu acredito que ele estava certo.”

Westmoreland também disse a Headrick que a pressão alta que se segue a uma frente fria faz com que o plâncton afunde e ele reagiu ao evento pindocando jigs e outras iscas sobre pontas fundas e ledges (parte superior de drop-offs, n.t.). Esta estratégia continua a render dividendos para Headrick e seus clientes.

“Uma outra coisa que Billy me disse foi que os shads movem-se para as cabeceiras dos córregos no Outono porque lá há uma abundância de plâncton nesta época,” diz Headrick.

Fitoplâncton & zooplâncton


Embora as observações de Westmoreland estejam abertas ao debate, não há dúvidas de que plâncton e forrageiros são inseparáveis.
O plâncton é composto de organismos microscópicos flutuantes feitos de plantas chamadas fitoplânctons e animais chamados zooplânctons.
O fitoplâncton, que converte energia em comida através da fotossíntese, é o começo da cadeia alimentar em toda água que contenha bass e para a maior parte do planeta Terra também. O zooplâncton come fitoplâncton e, por sua vez, provê uma fonte de comida para criaturas maiores.
Bill Leopold, um biólogo aquático da Jones Fish Hatchery, Inc, em Newtown, Ohio, declara que a maioria dos peixes não ingere fitoplâncton porque esses organismos são pequenos demais. As exceções significativas são os shads, que se alimentam de fitoplâncton e zooplâncton ao filtrarem a água.

“Zooplâncton é maior que fitoplâncton,” diz Leopold. “Alevinos e shiners se alimentam dele, assim como os alevinos de peixes maiores, inclusive o bass. O forte crescimento de fitoplâncton causa um efeito cascata e aumenta a abundância de zooplâncton.”

O fitoplâncton pode gerar energia suficiente a partir da luz solar para se sustentar, mas precisa de nutrientes para crescer e reproduzir, especificamente nitrogênio e fósforo. Alguns reservatórios possuem solos ricos em nutrientes que beneficiam o fitoplâncton e muitos reservatórios recebem doses regulares de nitrogênio e fósforo como resultado da poluição das cidades e fazendas.

“No outro extremo estão as minas de pedregulhos, que são pobres em nutrientes,” diz Leopold. “Um tratamento adequado para essas situações é um fertilizante de lago que ponha comida na coluna dágua para o fitoplâncton. Uma vez que o fitoplâncton floresça, o zooplâncton vem atrás.”

Siga o fitoplâncton.


Uma vez que o bass come o forrageiro, que come plâncton, faz sentido seguir o fitoplâncton quando estiver pescando o bass. Normalmente não é difícil, porque o plâncton não se move rapidamente. O fitoplâncton gasta várias horas para se mover por 10 pés (3,0 metros, n.t.), para cima ou para baixo, na coluna dágua.

Uma vez que o fitoplâncton é fototrópico, ele precisa se mover rumo à luz solar. Sua rotina consiste em subir rumo à superfície durante o dia e afundar durante a noite. Embora o zooplâncton dificilmente seja um demônio da velocidade, ele tem grande mobilidade e fica “nos calcanhares” do fitoplâncton.

Fred Snyder, um biólogo de pisciculturas que é especialista do Ohio Sea Grant, alega que nenhum tipo de plâncton pode mover-se rapidamente através da água ou superar correntes de água.

“Qualquer corrente dágua determina onde o plâncton vai,” diz Snyder. “Correntes induzidas pelo vento certamente empurram o plâncton contra a margem e causam uma acumulação. Os forrageiros sabem disso e vão lá para comerem.”

Considerações metabólicas.

Da mesma forma que os basses, os plânctons são organismos de sangue frio, o que significa que suas taxas metabólicas são drasticamente influenciadas pelas flutuações da temperatura da água. Água mais quente conduz a maior atividade.“A cada 10º C de declínio na temperatura da água, a taxa metabólica é cortada pela metade,” diz Sneyder. “E isto funciona no outro sentido. A cada 10º C de aumento na temperatura, a taxa metabólica dobra. Temperaturas em declínio diminuem a atividade biológica no lago, enquanto água morna e luz solar brilhante geram a máxima produção.”

Zona fótica.

A área situada entre a superfície dágua até a profundidade máxima de penetração da luz solar é chamada de zona fótica. Abaixo desta zona, o fitoplâncton não pode fotossintetizar. A transparência da água afeta diretamente a penetração da luz solar e a profundidade da zona fótica.
“A profundidade máxima para a fotossíntese ocorrer é onde a luz é reduzida a 1 por cento do seu brilho na superfície,” diz Sneyder. “Abaixo daquela profundidade, o fitoplâncton não pode capturar a luz.”

O forrageiro que come plâncton permanece dentro da zona fótica para estar perto de sua comida. Você pode determinar de modo aproximado a profundidade da zona fótica baixando um objeto branco, um prato por exemplo, dentro da água. Os cientistas usam um disco branco chamado disco de Secchi.

“Baixe o objeto branco até o ponto em que ele desaparece e meça a profundidade,” diz Snyder. “Então multiplique aquela profundidade por 2,7. O resultado deve ser muito próximo da profundidade da zona fótica.”

Frentes frias.

Os fortes ventos que usualmente acompanham frentes frias podem misturar a água da superfície até o fundo, ou até a profundidade do termocline. Isto afeta enormemente a distribuição do plâncton.

“Os peixes podem se mover mais para o fundo com uma frente fria, mas eu não acho que isto tenha algo a ver com plâncton,” diz Snyder.
A penetração da luz cresce quando bluebird skies (céu sem nenhuma nuvem, n.t.) se seguem a uma frente fria, o que permite que a fotossíntese ocorra a profundidades maiores. O fitoplâncton pode afundar mais sob essas condições e continuar a se alimentar e crescer, mas ele ainda sobe rumo à superfície onde intensidade da luz é maior. O veterano profissional de Oklahoma, Ken Cook, que é um biólogo formado, não tem certeza da relação de causa e efeito entre bass, forrageiro, plâncton e frentes frias.

“Eu penso que é uma das peças do quebra-cabeça que ainda não entendemos completamente,” diz Cook. “Eu sei que os forrageiros podem mudar de profundidade de um dia para outro e seus movimentos verticais são mais dramáticos em água transparente.”

Ao pescar em reservatórios ultra-transparentes do Oeste, Cook viu forrageiros afundarem de 40 para 60 pés (12,0 para 18,0 metros, n.t.) em dias muito claros (bright blue skies, n.t.) após uma frente fria. Em condições similiares, num lago que tenha água fértil e túrbida, ele afirma que os forrageiros podem afundar somente 1 ou 2 pés (0,3 ou 0,6 metros, n.t.).

Luz noturna

Alguma vez você já iluminou a água a partir de um píer e viu forrageiros se juntarem gradualmente e fervilharem embaixo do facho de luz? O que atrai os forrageiros não é a luz em si, mas o zooplâncton, que é atraído pelo fitoplâncton, que é atraído pela luz. É um microcosmo do que ocorre através de todo o lago durante o dia.

Água verde

Assim, se tem tudo a ver com plâncton, como acreditava Westmoreland, como você usa este conhecimento para colocar mais basses em seu viveiro? O que você faz quando não há vento para empurrar o plâncton contra uma margem? Quais são suas opções quanto o tempo está firme e nublado? E, dado que estes microorganismos são muito pequenos para se ver, como você sabe onde eles estão?

“Duas palavras,” diz Cook, “água verde. Um florescimento normal de fitoplâncton torna a água esverdeada. Ele impede que você enxergue muito fundo dentro da água, mas a água não está barrenta.”

A cor verde diz a Cook que a água contém bastante nutrientes para
suportar forrageiros e bass. Quando inspeciona um reservatório antes de um torneio, Cook freqüentemente sobe os braços do principal córrego à procura de água verde, que pode indicar-lhe uma abundância de bass. Esta abordagem rendeu-lhe vários prêmios em muitos lagos, inclusive Table Rock.

“Mais nutrientes entram em Table Rock a partir do rio James (James River, n.t.) do que de qualquer outra bacia,” diz Cook. “Isto se deve a Springfield e outros centros populacionais ao longo do rio James. Historicamente, o rio James tem maiores florescimentos de plâncton, maior população de shads e, conseqüentemente, basses com crescimento mais rápido.”

Água verde é, geralmente, mais fácil de achar nos braços de córregos do reservatório no Verão e Outono.

“Eu penso que esta é razão porque, no Outono, a pesca nas cabeceiras dos córregos é um padrão tão forte,” diz Cook, “Os nutrientes descarregados nos córregos causam um florescimento mais forte do que no lago principal e os shads são atraídos para os tributários que contêm a maior parte da comida.”

Se você se aventurar nas cabeceiras dos córregos à procura de água túrbida, Cook enfatiza que água barrenta não é necessariamente rica em plâncton. Água muito barrenta reduz a penetração da luz e dificulta a fotossíntese.

“Água marrom não é o que você quer,” diz Cook. “A chave é água verde.”

Vegetação aquática

E o caso dos lagos naturais com água transparente que não são alimentados por tributários? Embora você, normalmente, não vá achar água verde em tais ambientes, você pode fazer a conexão plâncton simplesmente pescando na vegetação aquática submersa, tais como hydrilla, milfoil, coontail e grama.

“O zooplâncton se alimenta continuamente na grama submersa e nos filamentos microscópicos que crescem nas gramas,” diz Leopold. “É um ambiente que provê comida e abrigo para toda a cadeia alimentar, incluindo os basses.”

Notas da tradução:
1. Tradução: Eduardo K. Seto - email: eks.fish@uol.com.br – Dez/2007.
2. Vários termos foram mantidos no original porque, de forma geral, é assim que eles são, ou acabam sendo, conhecidos e utilizados pelos pescadores de bass.
3. Link para original em inglês: Revista Bassmaster - nov/2005 - http://proxy.espn.go.com/outdoors/bassm ... on_BMM0511
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Mensagem por NELSON MACIEL » Seg Abr 06, 2009 11:05 pm

Valeu Edu ... Obrigado ..
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Mensagem por Alexandre Estanislau (Zeca) » Seg Abr 06, 2009 11:56 pm

Muito interessante, vou avaliar sob este ponto de vista da próxima vez.
UMPA - Um P*** abraço

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Bom...

Mensagem por Rycardo Carvalho » Qui Abr 09, 2009 7:06 am

Bom texto.. valeu..
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Mensagem por Igor Andrei » Qui Abr 09, 2009 9:56 am

gostei! gosto de pescar na margem pra onde o vento tá soprando, mesmo de fly, tendo que arremessar contra o vento, sempre foi mais produtivo.
Pescar e soltar é só começar...
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Mensagem por Rick Morais » Qui Abr 09, 2009 10:27 am

Grande K Setinho....

Q artigo legal!
vSou um grande leitor dos seus artigos.
Lembro de dois artigos que vc traduziu muitíssimo interessante, um era sobre Janela de Ataque e o outro sobre Estruturas por onde o Bass circula.

E fizeram muita diferença na pescaria, passei a olhar a estrutura de forma mais cientifica e arremessando nos pontos certos.

Insistir em determinada situação, percebendo claramente que o Bass não está correndo atrás de comida.

Por favor, continue trazendo esse tipo de informação pra gente.

Muito obrigado
Rick Morais
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Mensagem por Ricardo Haruo » Qui Abr 09, 2009 10:17 pm

Bacana, valeu, Edu.
Vou ver o que consigo achar sobre o tal disco de Secchi, hehehe.
Grande abraço!
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Mensagem por Thierry Cioquetta » Sex Abr 10, 2009 10:19 am

Achei bem interessante...

Valeu tche!
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Níveis Tróficos

Mensagem por Diego C. Feldhaus » Sáb Abr 11, 2009 6:17 pm

Sensacional Artigo!

Observando os níveis tróficos do ambiente, encontraremos sempre os predadores (Black) onde há comida (forrageiros) e onde eles também possam encontrar comida, só devemos adaptar as excelentes dicas a nossa realidade.
Onde o forrageiro é o lambarí, pequenos alevinos de tilápias, carás entre outros, devemos saber o que esses comem.
Assim, a dica é totalmente válida, sobretudo no fundamento dela.

Muito obrigado por compartilhar conosco!!

Abraços e Boa Pesca a Todos
Diego Constantino Feldhaus
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Edu Kimura
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Mensagem por Edu Kimura » Sáb Nov 28, 2009 11:34 am

Muito legal o artigo... na prática pescando embarcado então deveríamos explorar melhor os barrancos onde as marolas estão batendo por causa do vento? E geralmente evitamos por que a água fica mais barrenta... só que acho que deveria ser explorado bem "pra fora" da região suja pelo barro não? Fica aí a discussão...
Abçs a todos
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Tadeu Brambilla
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Mensagem por Tadeu Brambilla » Dom Out 02, 2011 3:09 pm

isso ajuda mt bela materia
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