Vinicius de Moraes e Neruda - papo de poetas

Aqui é o canto dedicado às Pescadoras da Caterva. Temas femininos e assuntos que não tenham nada a ver com os Fóruns existentes, tem agora o seu local ... Vamos lá meninas, este espaço é de vocês ...
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Dair Helaehil
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Vinicius de Moraes e Neruda - papo de poetas

Mensagem por Dair Helaehil » Sáb Ago 02, 2008 7:54 pm

Num show, Toquinho(eterno parceirinhozinho) contou este fato, ocorrido com ele e Vinicius:

Em passagem por Paris,Vinicius propôs a Toquinho uma visita a Pablo Neruda,exilado político que era e residindo na Cidade Luz, para mostrar a música feita por eles, que se iniciava com o verso "ai dias que no se lo que me pasa,eu abro o meu Neruda e apago o sol"
Após longo papo,Vinicius pediu permissão ao Neruda para cantar "cotidiano nº2", a tal da musica.Ao término, Vinicius perguntou a Neruda se ele havia se importado de ter uma frase de uma de suas poesias colocada em música.
Neruda pensou, pensou, chamou sua esposa que estava em outro ambiente da casa e disse a tal frase a ela.Em seguida perguntou em que poema esta frase estava inserida.A sua esposa, que sabia de cór e salteado cada palavra escrita por ele , disse que aquela frase não era dele,Neruda.
Vinicius de imediato começou a pedir milhões de desculpas pelo engano, ao que Neruda respondeu.
"Vinicius, eu é que tenho que me desculpar com você por nunca ter escrito uma frase tão linda".

PAPO DE POETAS..a nós, meros mortais,resta o deleite da leitura.

abraços

Soneto de Fidelidade

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Vinícius de Moraes
Vivendo e aprendendo...
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NELSON MACIEL
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Mensagem por NELSON MACIEL » Sáb Ago 02, 2008 11:37 pm

Ah o Vinícius ... Que baita poeta ... ...
Depois que ele se foi, nossa língua ficou tão vazia ...
Nelson Maciel
/ct0 /ctf
FÓRUNS CATERVA - UM MARCO NA PESCA ESPORTIVA DO BRASIL !
Seja um pescador mais esportivo. Amasse as farpas dos anzóis e garatéias.
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Garcia Guarujá
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Mensagem por Garcia Guarujá » Dom Ago 03, 2008 12:04 am

Acho que estou apaixonado mesmo! Domingo, 00,03 horas lendo poesia!!!
Valeu dair!
Abraços.
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Eric Carreras
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Mensagem por Eric Carreras » Dom Ago 03, 2008 12:29 am

NELSON MACIEL escreveu:Ah o Vinícius ... Que baita poeta ... ...
Depois que ele se foi, nossa língua ficou tão vazia ...
Pois é, Nelsão... mas como diz a musica: ...que seja infinito enquanto dure.

Parabens pela mensagem!
http://www.jampafishing.com/
"Quando a última árvore tiver caído, quando o último rio tiver secado,
quando o último peixe for pescado, a humanidade vai entender que
dinheiro não se come!"
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Tomazelli
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Mensagem por Tomazelli » Qua Ago 13, 2008 10:57 pm

Será que nesse papo de grandes poetas cabe uma poesia desse pescador que lhes fala? É uma poesia que escrevi esses dias:



A Noite

Eu amo a noite taciturna e queda,
Quando no vasto céu sussurra a brisa
E a lua está a derramar beleza.
Eu amo a noite qual Gonçalves Dias!

Mais bela a noite entre a natureza,
Longe das luzes da cidade, eu
Milhões de sóis vejo com mais clareza,
Mais perto sinto-me da mão de Deus.

Bem mais feliz eu vejo a noite muda,
Sem sons de carros. Luzes? Só luar!
A natureza toda nos saúda:
Os animais da noite a cantar!

Eu amo a noite solitária e fria,
Quando a vagar por entre a natureza
Mais forte sinto o poder da vida,
De Deus eu sinto toda a grandeza!

Eu amo a noite com a lua cheia,
Quando meu peito bem mais forte bate!
A mente em febre, o coração pranteia
Uma donzela que não o maltrate!

É bela a noite com seu negro manto,
Quando no céu suas estrelas brilham,
São tantas luzes, todas têm encanto!
As emoções no coração fervilham.

Eu amo a noite à beira de um rio.
Os sons, a mata, a água, tudo encanta!
A mata escura com seu tom sombrio,
Quem não conhece de o ouvir se espanta!

Eu amo a noite no alvor da aurora,
Quando os pássaros nos ninhos cantam
E agradecem, pois chegou a hora
De ver o sol! Dos ninhos se levantam.

Mas quando eu volto pra cidade então,
Meu peito chora, ele é só saudade,
Trago a ferida no meu coração.
Oh Deus! É dura essa realidade!

E na cidade a noite não é bela,
Não mais desperta o brilho no olhar.
Essa cidade vista da janela
Com suas luzes tudo a ofuscar.

Suas estrelas não têm mais o brilho.
Eu vejo – a noite não é mais a mesma.
Do alto da montanha de concreto,
Eu vejo em vez de árvores antenas!

27 de julho de 2008



Abraços!
Aluizio Tomazelli Júnior
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VANESSA CAPELASSO
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Mensagem por VANESSA CAPELASSO » Sáb Ago 16, 2008 12:13 am

Soneto do Amor Total (Vinícius de Morais)

Amo-te tanto meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.
Amo-te enfim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.
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