Grande Cota,
ALELUIA!!!! SEJA MUITO BEM VINDO...
Não imaginas minha alegria quando no meu e-mail apareceu uma mensagem de notificação de resposta a tópico e vi que era você. Fizeste muita falta e tua ausência sempre é. deveras, sentida!
Temos uma enorme carência de profissionais do teu nível e eu, especialmente, sempre preciso de ajuda. Isso em função de minha confessa limitação científica e da minha dificuldade de "digerir" determinados artigos acadêmicos. Por que não fazem um resumo com uma linguagem que consiga chegar aos menos esclarecidos (rs).
Fica um pouco conosco, até que consigamos entender o que acontece de fato nos nossos reservatórios... Temos muitas dúvidas e tudo o que temos conseguido decorre de analogias, por falta de informações e de leituras mal digeridas em função de nossa formação limitada.
Vamos ao que dizes:
"Concordo com você que não podemos colocar a culpa somente no tucunaré. A transformação da dinâmica do rio também causa diminuição da diversidade da comunidade íctica, e até mesmo extinção. Mas a introdução de exóticos tem o mesmo efeito, e até mesmo de maior magnitude. Quem fala isso não sou eu, são anos de pesquisa no mundo inteiro.
Se você quiser, tenho uma extensa bibliografia no assunto, relacionando ecólogos e biólogos de renome mundial, associações e institutos dos mais diversos. O que eu quero dizer é que não podemos partir do princípio do: se já está errado, que mal tem piorar um pouquinho, ou, se já formou o reservatório, vamos encher de tucunaré. São interferências distintas com seus respectivos impactos, os quais devem ser analisados separadamente. Os dois impactos ocorrendo sinergicamente são altamente degradantes".
Temos que partir do princípio de aprender com os nossos próprios erros e com os erros dos outros.
Pois bem...Ninguém mais do que eu tenho defendido as espécies nativas contra a omissão e negligência com que são tratadas pelos entes públicos. Tudo é feito para a realização das obras das UHEs sem as medidas mitigadoras e compensatórias previstas na legislação.
Cansei...Minhas mãos já sangraram de tanto dar murros em ponta de faca! Queres ver como de pouco adianta nossos parcos esforços?
Analise o fato: o Tucunaré foi introduzido pelos próprios empreendedores (não só ele, pois no Rio Grande existem pelo menos 12 espécies exóticas/alóctenes que também forma introduzidas por alguém, em algum tempo) como forma/alternativa de ocupar o espaço formado pelos reservatórios, visando uma atividade comercial ou alternativa mais lógica de repovoamento.
Isso porque, desde aquela época se sabia que as espécies nativas iriam sofrer brutalmente com os barramentos e alteração do ambiente rio, podendo inclusive tender à extinção.
O que queremos saber é o seguinte: passados 30/40 anos dos barramentos os reservatórios (embora sofrendo com carreamento de nutrientes e esgotos) já se encontram estabilizados isto é, em muito se assemelham como se a natureza os tivesse criado.
Nestas condições, o que ocorreu com as espécies de peixes nativas ou as com introduzidas? Elas também se estabilizaram? Quais as que predominaram? Por que predominam e qual o dano disso? Estão conseguindo viver neste nicho ecológico modificado, de forma que a extinção de algumas não seja o destino final?
Ora, sabemos que o Tucunaré introduzido veio para ficar e não há mecanismos conhecidos que irá tirá-los dos lagos artificiais. Isso é bom ou é ruim? Sem a presença deles as espécies nativas teriam melhores condições de se adaptar ou os danos causados pelos barramentos também são irreversíveis?
Considere o dano adicional das portarias de ordenamento que incentivam a matança do tucunaré com redes ( os pescadores profissionais as estão usando em plena piracema). Ora, as redes de Minas são seletivas e pegam apenas o tucunaré ou estão causando enormes estragos na reprodução das espécies nativas?
Estas e muitas outras perguntas simples precisam de respostas e infelizmente a analogia com os trabalhos em rios, pouco esclarecem.
Estive com o Dirceu (Diretor da Estação de Hidrobiologia de Furnas) e minha conversa com ele foi esclarecedora, mas decepcionante. Diz ele que trabalhos nesta área são raros ou inexistentes. Não há respostas por ele conhecidas para estas perguntas...Você poderia ajudar e nos orientar onde poderemos achar alguma coisa?
Se tiveres, meu e-mail é
jckruel@bol.com.br e me intersso por todo e qualquer trabalho com os assuntos discutidos aqui.
Aproveito para te agradecer (e muito) os sites que disponibilizaste na resposta anterior. Eles estão sendo muito úteis para mim, dado que estou realizando um trabalho voluntário, na tentativa de ajudar a viabilizar a implantação do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Grande (depois eu conto).
um grande abraço, obrigado e fique concosco
abs
kruel