Um mundo, muitos mundos
Enviado: Sex Set 03, 2010 1:33 pm
Um mundo, muitos mundos
(Jornal Pesca Brasil- edição 9/2010)
São 9:30 hs da manhã, e nem sinal de peixe até agora.
No rio de mangue a maré corre preguiçosa, como se fosse um gigantesco espelho a refletir ora o verde do mangue, ora o azul do céu, que se esvanece com o passar das horas em direção ao restante do dia.
Enquanto o barco desliza levado pela maré, viajo na riqueza desta natureza exuberante que passa diante dos meus olhos, tal qual fosse um imenso pedaço do paraíso a desfilar suas belezas.
O pensamento cria asas, e passo a admirar cada trecho do trajeto como se fosse parte de uma grande obra de arte, criada pelas mãos talentosas de um artista, que por falta de um nome melhor, chamo de O CRIADOR.
Nestes breves momentos, a pescaria fica em segundo plano, e a atenção se volta para os quadros de rara beleza, que se sucedem.
Maquina fotográfica nenhuma, consegue capturar tanta beleza, concluo então que o melhor a fazer é prestar muita atenção no espetáculo, na esperança de guarda-lo na memória.
Passo a condição de mero espectador, e imagino que o artista MAIOR está criando quadros para me apresentar.
Nestes devaneios, sou brindado com cenas cinematográficas.
São quadros e mais quadros que se sucedem em composições de tirar o fôlego.
Mas para realmente apreciar toda esta beleza, faz-se necessário uma compreensão maior do conjunto.
O que costumamos chamar de nosso mundo, são na verdade muitos mundos.
É tudo uma questão de ponto de vista.
Procure observar os detalhes da natureza, mas do ponto de vista dos habitantes da fauna local.
Assim não fica difícil imaginar como deve ser a reação de um peixe ao ver o imenso (para êle) casco de um barco passando lá em cima na superfície.
Com certeza deve procurar refugio para proteger-se daquela sombra gigantesca que apareceu de repente.
Mas como memória de peixe é curta, bastam alguns instantes e tudo retorna rapidamente ao normal.
Bem diferente do curioso Martin-Pescador que empoleirado no seu galho predileto aguardando passar um peixe desatento, observa aqueles seres estranhos dentro do barco, lançarem com galhos compridos, pequenos objetos em direção a margem, para puxá-los por um fio em seguida.
Será que estão fazendo ninhos ?
Mas para a garça parece que nada disto interessa.
Ela fica ali, calma e tranqüila esperando a maré baixar, para sair a caça de alimentos.
Quanta imponência tem este pássaro, sempre admirei as garças.
Diria até que parecem ter uma certa arrogância, mesmo sabendo que os animais são imunes a estes pecados capitais típicos do ser humano.
É nesta hora de maré baixa que aparecem também as galinhas d’água para disputar as iguarias com a dona garça.
Com o seu jeito aparentemente distraído de andar, olhando para cá e para lá, lembram senhoras de meia idade voltando da feira.
Apesar da concorrência, todos convivem harmoniosamente, pois existe grande fartura de alimento.
O mesmo não podem dizer os caranguejos, já que eles são o alimento predileto de peixes e aves.
Mesmo assim, sempre dão um jeito de estalar suas pinças, para talvez avisar as fêmeas que estão na área, ou para algum concorrente desavisado, que o pedaço tem dono, e é bom se mandar.
Lá no céu, o sol já se aproxima do cume dos morros, e seus raios agora de uma cor mais amarelada pintam a paisagem com novos tons, criando uma profusão de sombras e cores totalmente novas, como que avisando a toda a natureza que mais um dia chegou ao final no paraíso.
Tudo isto tem alguma coisa de celestial.
Enquanto arrumo minhas tralhas para ir embora, me vem à lembrança de amigos reclamando ao final de um “mau” dia de pescaria, pelos poucos peixes capturados.
Mas como é que pode alguém que trabalha a semana inteira no meio de prédios, carros, buzinas, telefones, problemas de todo tipo, ainda reclamar que foi um dia ruim de pesca, depois de passar um dia inteiro neste lugar ?
Acho até que uma pessoa que não consegue se aperceber de tanta beleza, nem pode dizer que saiu para pescar.
Todo mundo sabe que pescar é uma das melhores higienes mentais que existe.
Tanto faz se for num pesque pague, num rio, mangue ou baia.
O que importa mesmo, é fazer destes momentos, uma terapia que alimenta a alma com a paz de espírito que se absorve ao comungar com a natureza.
Acredite, isto nos faz pessoas melhores.
Na próxima vez que vier pescar, lembre-se que aqui você alimenta a sua alma, e os peixes...bem os peixes são apenas um pretexto.
Quando você pesca um peixe que seria para a alimentação do corpo, e você o solta, ele se transforma na alimentação da alma.
(Renato e Cleodete Trevisan)
Pratique o pesque e solte e combata as redes.
Marcos Zotto
(Jornal Pesca Brasil- edição 9/2010)
São 9:30 hs da manhã, e nem sinal de peixe até agora.
No rio de mangue a maré corre preguiçosa, como se fosse um gigantesco espelho a refletir ora o verde do mangue, ora o azul do céu, que se esvanece com o passar das horas em direção ao restante do dia.
Enquanto o barco desliza levado pela maré, viajo na riqueza desta natureza exuberante que passa diante dos meus olhos, tal qual fosse um imenso pedaço do paraíso a desfilar suas belezas.
O pensamento cria asas, e passo a admirar cada trecho do trajeto como se fosse parte de uma grande obra de arte, criada pelas mãos talentosas de um artista, que por falta de um nome melhor, chamo de O CRIADOR.
Nestes breves momentos, a pescaria fica em segundo plano, e a atenção se volta para os quadros de rara beleza, que se sucedem.
Maquina fotográfica nenhuma, consegue capturar tanta beleza, concluo então que o melhor a fazer é prestar muita atenção no espetáculo, na esperança de guarda-lo na memória.
Passo a condição de mero espectador, e imagino que o artista MAIOR está criando quadros para me apresentar.
Nestes devaneios, sou brindado com cenas cinematográficas.
São quadros e mais quadros que se sucedem em composições de tirar o fôlego.
Mas para realmente apreciar toda esta beleza, faz-se necessário uma compreensão maior do conjunto.
O que costumamos chamar de nosso mundo, são na verdade muitos mundos.
É tudo uma questão de ponto de vista.
Procure observar os detalhes da natureza, mas do ponto de vista dos habitantes da fauna local.
Assim não fica difícil imaginar como deve ser a reação de um peixe ao ver o imenso (para êle) casco de um barco passando lá em cima na superfície.
Com certeza deve procurar refugio para proteger-se daquela sombra gigantesca que apareceu de repente.
Mas como memória de peixe é curta, bastam alguns instantes e tudo retorna rapidamente ao normal.
Bem diferente do curioso Martin-Pescador que empoleirado no seu galho predileto aguardando passar um peixe desatento, observa aqueles seres estranhos dentro do barco, lançarem com galhos compridos, pequenos objetos em direção a margem, para puxá-los por um fio em seguida.
Será que estão fazendo ninhos ?
Mas para a garça parece que nada disto interessa.
Ela fica ali, calma e tranqüila esperando a maré baixar, para sair a caça de alimentos.
Quanta imponência tem este pássaro, sempre admirei as garças.
Diria até que parecem ter uma certa arrogância, mesmo sabendo que os animais são imunes a estes pecados capitais típicos do ser humano.
É nesta hora de maré baixa que aparecem também as galinhas d’água para disputar as iguarias com a dona garça.
Com o seu jeito aparentemente distraído de andar, olhando para cá e para lá, lembram senhoras de meia idade voltando da feira.
Apesar da concorrência, todos convivem harmoniosamente, pois existe grande fartura de alimento.
O mesmo não podem dizer os caranguejos, já que eles são o alimento predileto de peixes e aves.
Mesmo assim, sempre dão um jeito de estalar suas pinças, para talvez avisar as fêmeas que estão na área, ou para algum concorrente desavisado, que o pedaço tem dono, e é bom se mandar.
Lá no céu, o sol já se aproxima do cume dos morros, e seus raios agora de uma cor mais amarelada pintam a paisagem com novos tons, criando uma profusão de sombras e cores totalmente novas, como que avisando a toda a natureza que mais um dia chegou ao final no paraíso.
Tudo isto tem alguma coisa de celestial.
Enquanto arrumo minhas tralhas para ir embora, me vem à lembrança de amigos reclamando ao final de um “mau” dia de pescaria, pelos poucos peixes capturados.
Mas como é que pode alguém que trabalha a semana inteira no meio de prédios, carros, buzinas, telefones, problemas de todo tipo, ainda reclamar que foi um dia ruim de pesca, depois de passar um dia inteiro neste lugar ?
Acho até que uma pessoa que não consegue se aperceber de tanta beleza, nem pode dizer que saiu para pescar.
Todo mundo sabe que pescar é uma das melhores higienes mentais que existe.
Tanto faz se for num pesque pague, num rio, mangue ou baia.
O que importa mesmo, é fazer destes momentos, uma terapia que alimenta a alma com a paz de espírito que se absorve ao comungar com a natureza.
Acredite, isto nos faz pessoas melhores.
Na próxima vez que vier pescar, lembre-se que aqui você alimenta a sua alma, e os peixes...bem os peixes são apenas um pretexto.
Quando você pesca um peixe que seria para a alimentação do corpo, e você o solta, ele se transforma na alimentação da alma.
(Renato e Cleodete Trevisan)
Pratique o pesque e solte e combata as redes.
Marcos Zotto