SAICANGA I - Introdução
Enviado: Qua Ago 02, 2006 2:23 pm
Bom...
Bom dia...!
Atendendo a sugestão do amigo Wagner de Curitiba, vou tentar escrever algo sobre as saicangas... Mesmo porque os jacundás são especialidade do Eloy e eu não me meteria com eles, já que obtive mais fracassos que êxitos em sua pesca.
O que acho legal no desenvolvimento da pesca esportiva em torno destes espécimes é que eles podem contribuir para uma pausa na pressão de pesca sobre outras espécies como o tão afamado robalo.
Por ser uma pescaria mais dinâmica e movimentada, já que o cardume não fica parado e os indivíduos são extremamente ariscos, conseguimos conciliar, várias modalidades juntas num único esporte, pois se vai perseguir saicangas, se prepare para caminhadas em charcos, em capins flutuantes, subir e descer morros e matas semifechadas; campos com cobras e acima de tudo; duras caminhadas de retorno.
Acredite, uma boa tarde de pesca dedicada a estas danadas, pode render, desde um treking pesado até um arborismo, na boa, sem falar da hidroginástica e seções infinitas de caminhadas, silencio e observação da água.
Acredito que meus amigos não me deixarão sozinho, quando eu disser o seguinte: Se quiser tranqüilidade vou pescar embarcado, tirando o “porém” do forte sol na cabeça, podemos parar para o lanche, você fica sentadinho e só se preocupa em ajustar o barco para ficar numa posição ainda mais agradável, sem falar que consegue ser muito mais ágil e se deslocar entre diversos pontos de pesca em uma manhã.
Se quiser um pouco mais de ação, vou pescar saicangas e jacundás... Os peixes são imensamente menores, mas voltamos pra casa cerca de três quilos mais magros. (para mim ao menos, este último, já é um forte e argumento), sem falar que às vezes, você chega em locais onde diz a si mesmo:
– Eu sei que tem um peixe aqui, e eu vou tirar ele daqui. (mesmo porque você já está muito cansado para ir em frente, ou existem obstáculos que te empeçam de continuar).
Aqui, neste relato-matéria que começa hoje, vou ser breve, para não me tornar tão cansativo como na matéria que fiz sobre os Mugilidaes ou tainhas; (Texto que não foi lido por muitos colegas por terem julgado-o muito longo e cansativo, mas não se enganem, é repleto de informações importantíssimas para quem pretende perseguir aquela espécie).
Para encurtar este, vou direto a um relato que escrevi há algum tempo atrás, que me leva ao momento em que me apaixonei definitivamente por este peixe. E tenho certeza que irá deixa-los tão curiosos e fascinados como um relato de pesca a salmonídeos.
O que irá se seguir nas próximas semanas, será:
Um capítulo semanal sobre as saicangas, que será finalizado com patterns das melhores moscas para sua captura na minha opinião.
Abraços e boa leitura
SAICANGA
Epílogo:
Final de inverno.
Mesmo sem wader, não resistimos ao convite que o rio nos fazia, então, sem titubear, adentramos suas corredeiras, praticamente desnudos para aquela situação de pesca. Apenas eu e a Condessa. Intentávamos alguns espécimes de pequeno porte e não imaginávamos o que o destino nos reservara para aquela tarde.
O vento frio açoitava e fustigava tudo ao redor, era pouco provável que algum ictio se levantasse ou saísse de sua toca naquele dia. Em certa altura, me senti o único ser vivo por ali. Mas a condessa era insaciável e tomava minha mão delicadamente ao passo que estendia sua doce seda ao ar. Dezoito metros de percurso, suavemente descritos, nossa mosca pousava brandamente na margem oposta, a fim de derivar falsa e indefesa corrente abaixo em busca de vorazes caracidaes.
Aquele definitivamente não era nosso dia. Ao final de mais um “Dead-drift”, ouvimos uma forte batida na água ao meio da corredeira. Ilusão? Pensei eu.
Mas a condessa neste momento exigiu sua especialidade e me pediu uma ninfa de zigóptera. Prontamente a atendi; rapidamente troquei o tippet 7X por um 4X, praticamente reduzindo meu leader pela metade, mas deixando-o mais equilibrado para a nova mosca; que trazia consigo como estigma, um lastro.
Sabíamos, porém, que havia somente uma chance em um milhão de haver algum peixe comendo por ali naquela circunstancia climática e uma chance menor ainda de haver mais que um exemplar.
Súbito, fui surpreendido por minha companheira de pesca que se atirou certeira, “up-stream”, a uns 10 pés acima do ponto da provável batida. A ninfa derivava e eu podia senti-la chocando-se contra as pedras ao fundo do rio; ao passo em que eu recolhia o excesso de seda que se acumulava em minhas pernas. Já sem esperanças de capturar um peixe, tencionei a linha em um curto “roll” a fim de preparar a linha para executar um “pick-up” descente antes do novo arremesso. Quando fui tomado de surpresa. Não posso dizer que vi alguma coisa, quando dei por mim, um torpedo prateado se lançava velozmente contra a correnteza, dei graças ao tippet reforçado que escolhemos, pois aquele animal era realmente forte e destemido, além de se mostrar pouco propenso a fazer amigos.
Com pouca linha fora da Condessa, contive meus movimentos e forcei um pouco a linha para provocar um salto.
Jamais esquecerei o que vi e vivi naquele momento.
O peixe saltou somente para me olhar nos olhos, queria ver a face de seu algoz, me assustei por ver naquele riozinho estreito, com cerca de quarenta a cinqüenta centímetros de profundidade; um animal de tal estirpe. Saltara glorioso, com as nadadeiras abertas e douradas, seu flanco prateado refletia todo o ambiente como se fosse um espelho composto por milhares de pedacinhos de vidro, seus olhos fixos e sem expressão me convidavam ao combate.
De um susto, escorreguei e soltei um pouco de linha. O gladiador então teve espaço em sua arena. Eu era o invasor e a presa naquele momento.
Sem ação, deixei que minha companheira conduzisse a peleja, mas o que é uma dama frente a uma força da natureza?
Apenas admirávamos sua dorsal rasgando a água, decidido a nos fazer fracassar e a nos ensinar a não se meter com ele.
Que peixe fascinante!
Que luta explosiva!
Que saicanga impressionante!
Levou consigo, corrente acima toda a nossa ansiedade. Estávamos pescados.
Abraços e até a semana que vem.
Bom dia...!
Atendendo a sugestão do amigo Wagner de Curitiba, vou tentar escrever algo sobre as saicangas... Mesmo porque os jacundás são especialidade do Eloy e eu não me meteria com eles, já que obtive mais fracassos que êxitos em sua pesca.
O que acho legal no desenvolvimento da pesca esportiva em torno destes espécimes é que eles podem contribuir para uma pausa na pressão de pesca sobre outras espécies como o tão afamado robalo.
Por ser uma pescaria mais dinâmica e movimentada, já que o cardume não fica parado e os indivíduos são extremamente ariscos, conseguimos conciliar, várias modalidades juntas num único esporte, pois se vai perseguir saicangas, se prepare para caminhadas em charcos, em capins flutuantes, subir e descer morros e matas semifechadas; campos com cobras e acima de tudo; duras caminhadas de retorno.
Acredite, uma boa tarde de pesca dedicada a estas danadas, pode render, desde um treking pesado até um arborismo, na boa, sem falar da hidroginástica e seções infinitas de caminhadas, silencio e observação da água.
Acredito que meus amigos não me deixarão sozinho, quando eu disser o seguinte: Se quiser tranqüilidade vou pescar embarcado, tirando o “porém” do forte sol na cabeça, podemos parar para o lanche, você fica sentadinho e só se preocupa em ajustar o barco para ficar numa posição ainda mais agradável, sem falar que consegue ser muito mais ágil e se deslocar entre diversos pontos de pesca em uma manhã.
Se quiser um pouco mais de ação, vou pescar saicangas e jacundás... Os peixes são imensamente menores, mas voltamos pra casa cerca de três quilos mais magros. (para mim ao menos, este último, já é um forte e argumento), sem falar que às vezes, você chega em locais onde diz a si mesmo:
– Eu sei que tem um peixe aqui, e eu vou tirar ele daqui. (mesmo porque você já está muito cansado para ir em frente, ou existem obstáculos que te empeçam de continuar).
Aqui, neste relato-matéria que começa hoje, vou ser breve, para não me tornar tão cansativo como na matéria que fiz sobre os Mugilidaes ou tainhas; (Texto que não foi lido por muitos colegas por terem julgado-o muito longo e cansativo, mas não se enganem, é repleto de informações importantíssimas para quem pretende perseguir aquela espécie).
Para encurtar este, vou direto a um relato que escrevi há algum tempo atrás, que me leva ao momento em que me apaixonei definitivamente por este peixe. E tenho certeza que irá deixa-los tão curiosos e fascinados como um relato de pesca a salmonídeos.
O que irá se seguir nas próximas semanas, será:
Um capítulo semanal sobre as saicangas, que será finalizado com patterns das melhores moscas para sua captura na minha opinião.
Abraços e boa leitura
SAICANGA
Epílogo:
Final de inverno.
Mesmo sem wader, não resistimos ao convite que o rio nos fazia, então, sem titubear, adentramos suas corredeiras, praticamente desnudos para aquela situação de pesca. Apenas eu e a Condessa. Intentávamos alguns espécimes de pequeno porte e não imaginávamos o que o destino nos reservara para aquela tarde.
O vento frio açoitava e fustigava tudo ao redor, era pouco provável que algum ictio se levantasse ou saísse de sua toca naquele dia. Em certa altura, me senti o único ser vivo por ali. Mas a condessa era insaciável e tomava minha mão delicadamente ao passo que estendia sua doce seda ao ar. Dezoito metros de percurso, suavemente descritos, nossa mosca pousava brandamente na margem oposta, a fim de derivar falsa e indefesa corrente abaixo em busca de vorazes caracidaes.
Aquele definitivamente não era nosso dia. Ao final de mais um “Dead-drift”, ouvimos uma forte batida na água ao meio da corredeira. Ilusão? Pensei eu.
Mas a condessa neste momento exigiu sua especialidade e me pediu uma ninfa de zigóptera. Prontamente a atendi; rapidamente troquei o tippet 7X por um 4X, praticamente reduzindo meu leader pela metade, mas deixando-o mais equilibrado para a nova mosca; que trazia consigo como estigma, um lastro.
Sabíamos, porém, que havia somente uma chance em um milhão de haver algum peixe comendo por ali naquela circunstancia climática e uma chance menor ainda de haver mais que um exemplar.
Súbito, fui surpreendido por minha companheira de pesca que se atirou certeira, “up-stream”, a uns 10 pés acima do ponto da provável batida. A ninfa derivava e eu podia senti-la chocando-se contra as pedras ao fundo do rio; ao passo em que eu recolhia o excesso de seda que se acumulava em minhas pernas. Já sem esperanças de capturar um peixe, tencionei a linha em um curto “roll” a fim de preparar a linha para executar um “pick-up” descente antes do novo arremesso. Quando fui tomado de surpresa. Não posso dizer que vi alguma coisa, quando dei por mim, um torpedo prateado se lançava velozmente contra a correnteza, dei graças ao tippet reforçado que escolhemos, pois aquele animal era realmente forte e destemido, além de se mostrar pouco propenso a fazer amigos.
Com pouca linha fora da Condessa, contive meus movimentos e forcei um pouco a linha para provocar um salto.
Jamais esquecerei o que vi e vivi naquele momento.
O peixe saltou somente para me olhar nos olhos, queria ver a face de seu algoz, me assustei por ver naquele riozinho estreito, com cerca de quarenta a cinqüenta centímetros de profundidade; um animal de tal estirpe. Saltara glorioso, com as nadadeiras abertas e douradas, seu flanco prateado refletia todo o ambiente como se fosse um espelho composto por milhares de pedacinhos de vidro, seus olhos fixos e sem expressão me convidavam ao combate.
De um susto, escorreguei e soltei um pouco de linha. O gladiador então teve espaço em sua arena. Eu era o invasor e a presa naquele momento.
Sem ação, deixei que minha companheira conduzisse a peleja, mas o que é uma dama frente a uma força da natureza?
Apenas admirávamos sua dorsal rasgando a água, decidido a nos fazer fracassar e a nos ensinar a não se meter com ele.
Que peixe fascinante!
Que luta explosiva!
Que saicanga impressionante!
Levou consigo, corrente acima toda a nossa ansiedade. Estávamos pescados.
Abraços e até a semana que vem.