UM EXCELENTE ARTIGO SOBRE COMPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA.

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NELSON MACIEL
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UM EXCELENTE ARTIGO SOBRE COMPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA.

Mensagem por NELSON MACIEL » Dom Out 31, 2004 10:43 am

Fuçando na Internet, em busca de informações sobre fotografia e arte, deparei-me com um artigo muito interessante sobre o que escrevi ontem, à respeito da educação do olhar.
Recomendo a leitura dos artigos publicados nesta página.
Sao artigos elucidativos e escritos com muita propriedade.



Sobre composição - C.J. Morgam fala de suas cinco regras básicas

Este interessante material apareceu pela primeira vez num grupo de discussão na internet. O autor é o fotógrafo C. J. Morgam. É tão interessante e provocativo que traduzi e agora publico aqui.
Boa leitura. Tradução de Nelson Ricciardi - http://www.ricciardi.eng.br/


Introdução
Deixem-me sugerir cinco maneiras diferentes de fortalecer nossa capacidade de observar e melhorar nosso processo fotográfico. Elas são "Mate a confusão", "Pense em design gráfico", "Escuro sobre claro e claro sobre escuro", "Preste atenção nos relacionamentos" e "Não fotografe objetos, fotografe aparências".

Mate a confusão
Poucos de nós sofrem ou acham ruins imagens que são muito limpas, muito simples, dinâmicamente quase tediosas. Acontece de vez em quando, mas é raro.

A maioria, no entanto, sofre com as fotos que faz simplesmente porque tem "muita coisa" nelas. Muita coisa sem sentido, muita coisa que não precisaria estar ali. A verdade é que muitas de nossas imagens são confusas.

Quando é hora de pegar a câmera e fotografar, a maioria de nós sabe muito bem o que quer retrarar. Diabos, até mesmo quando ainda era menino, com 11 anos, eu sabia como fazer isso.

Mas o que eu não fazia, o que eu não sabia fazer, enquanto um jovem de 11 anos, era prestar atenção a todas as outras coisas que entravam na minha composição, a grande quantidade de distrações visuais que eventualmente perturbavam os espectadores de minhas fotos, diluindo o impacto visual daquilo que eu queria mostrar.

Em algum ponto de minha trajetória (não consigo lembrar com exatidão o momento certo), finalmente me dei conta de que, se eu queria fazer boas imagens, deveria prestar mais atenção em tudo o que estava dentro do quadro e tomar decisões que ajudariam a remover, ou pelo menos minimizar, estas distrações visuais.

Já era hora de começar a "viver dentro do visor de minha máquina". Esta expressão surgiu nos anos em que eu freqüentava reuniões em clubes de fotografia, sentado no porão de alguma igreja, vendo slides e criticando as imagens dos outros, uma atividade que por pouco, muito pouco, não me levou a jogar tomates na tela. Era uma verdadeira gritaria.

De qualquer maneira, lá estávamos nós, sentados no porão, olhando os slides numa grande tela, analisando cuidadosamente as falhas e erros uns dos outros. De repente alguem se levantava e dizia: "que pena que o poste de telefone está saindo da cabeça da pessoa nesta foto". E o fotógrafo respondia: "É mesmo, percebi isso assim que vi a foto."

Todos percebemos. O único problema é que o momento de perceber estas coisas não é quando se está sentado no sombrio porão de uma igreja, mas sim quando se está "vivendo e olhando através do visor da máquina". E, então, pensei comigo mesmo: "Bem, não há muita diferença: eu posso ser muito observador e analisar minhas imagens após o fato, ou posso fingir que o visor da minha máquina é o porão desta igreja e analisar o que está acontecendo com minha imagem antes de fazer a foto."

Daí veio a idéia do "viver dentro do visor" — fingir que o visor é minha sala privativa de análise de fotos, meu porão de igreja, e ser muito cuidadoso e observador para perceber quais distrações visuais podem ser removidas antes de acionar o botão disparador.

Tudo isso pode não significar nada para vocês. Mas para mim a idéia de "viver dentro do visor" foi fundamental para que eu passasse a perceber todo o lixo que destruía minhas imagens e me colocou na rota certa para que essa confusão fosse eliminada.

Na realidade, a teoria de "viver dentro do visor" se tornou uma prática tão forte na minha vida que de vez em quando me pego repetindo, para mim mesmo: "mate a confusão, mate a confusão, mate a confusão". Se tornou um mantra: "mate a confusão, mate a confusão, mate a confusão".

Agora, sabemos que nem sempre conseguimos evitar totalmente as distrações em nossas imagens. Na prática, as circunstâncias às vezes não permitem este grau de perfeição. De qualquer modo, se nossa intenção é "matar a confusão", então é quase certo que nossos esforços minimizarão as distrações visuais e, desta forma, aumentarão o impacto visual do que restar na cena.

Eu trago à tona esta idéia de "matar a confusão" porque, mesmo tendo sido criada há anos, esta pratica ainda permanece comigo e ainda é parte do meu processo de fotografar, mesmo que ninguém escute o meu monótono recital: "mate a confusão, mate a confusão, mate a confusão".

E se isso ainda é usado por mim todo dia, imaginei que pudesse ser útil para vocês.

Pense em design gráfico
Eu tenho duas maneiras de olhar o mundo. A primeira é o que eu chamo de "visão do dia a dia". A outra é o que posso chamar de "visão fotográfica".

A "visão do dia a dia" é a que uso quando procuro uma pá no jardim, de forma a poder fazer o meu trabalho e cavar um buraco.

Por outro lado, a minha "visão fotográfica" me faz mais interessado nos efeitos que a luz está causando na cena, nos locais aonde as sombras estão se projetando, nos elementos gráficos, objetos, linhas, formas, cores, padrões e texturas.

Quando quero cavar um buraco, tudo o que me interessa é encontrar uma pá. Meu pensamento é meramente operário: "Onde está aquela maldita pá? Preciso cavar esta porcaria de buraco."

Mas quando estou com minha câmera, considerando que as imagens são compostas por partes, meu pensamento me faz prestar atenção nos elementos gráficos, nas "partes" gráficas. Estas "partes" são os blocos que formam minha imagem — tão importante para mim quanto o tijolo certo é para um construtor.

Desse modo, quando estou fazendo imagens, meu pensamento muda em certos momentos. Em um momento posso estar olhando para rios, pedras e árvores. No outro estou olhando a mesma cena, mas não vejo mais os objetos. De uma hora para a outra passo a ver a cena inteira apenas como linhas, formas, padrões, cores, texturas e tons.

Eu não vejo mais uma "ponte", apenas linhas e triângulos; também não vejo mais "flores", mas texturas e padrões de cor; e tampouco vejo rostos, mas curvas, círculos e linhas.

Essa técnica nos faz mais atentos ao que observamos e à forma como compomos uma imagem... não apenas olhando os objetos ou "coisas" mas, de preferência, olhando para as formas gráficas destas "coisas".

Mas, por favor, não me entenda mal. Usar a "visão do dia a dia" é muito útil e prático. Por exemplo, admirar as maravilhosas formas, linhas, cores e tudo mais provavelmente não é a melhor coisa a se fazer quando a cena analisada é a de um caminhão Mack prestes a atropelar você. Por outro lado, uma vez que se esteja fora de perigo, examinar um caminhão Mack em termos de suas qualidades gráficas pode servir para que se faça uma melhor fotografia dele.

Escuro sobre claro e claro sobre escuro
Isso poderia ser classificado como uma sub-seção do "Pense em design gráfico", mas prefiro fazer um capítulo à parte porque este é um aspecto que merece muito de nossa atenção — mesmo porque fotografar é colocar numa imagem bi-dimensional o nosso mundo tri-dimensional.

Esta técnica se resume no seguinte: se você deseja que os objetos em sua fotografia se destaquem ainda mais, se quer que eles comuniquem a mensagem de forma mais intensa, considere a possibilidade de colocar objetos claros diante de fundos escuros e objetos escuros diante de fundos claros.

Tanto melhor se você conseguir aplicar esta técnica mais de uma vez na mesma imagem. Considere, por exemplo, esta fotografia...

Imagem

veja como a parte clara do cabelo está sobre um fundo relativamente escuro e como a parte escura do cabelo se coloca diante de um fundo relativamente mais claro.

Existem infinitas maneiras de se fazer isso, mas a essência da idéia é colocar o claro sobre o escuro e o escuro sobre o claro simplesmente brincando com a luz ou mudando a posição da câmera.... isso faz com que nossas imagens ganhem em impacto e efeito visual.

Preste atenção nos relacionamentos
Eu tenho a impressão de que a maioria das imagens que fazemos são sobre um assunto e seu meio ambiente ou ainda sobre um objeto e seus detalhes. Em outras palavras, a maioria das imagens que fazemos não são sobre objetos, mas sim sobre relacionamentos entre objetos.

Quando começamos a pensar nossa fotografia em termos de "mostrar relacionamentos", freqüentemente temos dificuldade de pensar num "objeto" sem levar em consideração sua relação com os demais objetos da cena.

Uma vez que comecemos a prestar mais atenção não apenas no objeto, mas no seu relacionamento espacial com os outros, então começamos realmente a usar o espaço que temos dentro de nosso enquadramento, e não o contrário. Passamos a valorizar coisas e ângulos que antes nos passariam desapercebidos.

Não é uma obrigação "prestar atenção nos relacionamentos". Mas, se nos esforçarmos para isso, provavelmente passaremos a considerar todo o espaço que temos no visor da máquina e os limites da imagem que estamos construindo.

Não fotografe objetos, fotografe aparências
Lembram daquela pá sobre a qual falamos?

Bem, sempre que olho aquela pá ela se parece igual, seja pela manhã, à tarde, ou à noitinha, seja num dia de sol ou num dia nublado. Ela nada mais é do que uma pá velha, ainda muito útil para se cavar um buraco. Portanto, não importa a que horas do dia, para mim ela continua sendo sempre a mesma velha pá.

Mas quando vou para o jardim com minha câmera, aquela mesma pá velha adquire uma aparência pela manhã totalmente diferente da que tem à tarde, ou à noite, ou num dia de sol. Todo dia a pá ainda é "a pá" — a mesma ferramenta velha para eu cavar meus buracos — mas quando olho para ela através de minha câmera, seu lado utilitário deixa de me interessar. Eu passo a me fixar apenas na sua aparência sob a luz predominante do momento.

Com freqüência a luz que banha meu jardim faz com que minha pá se pareça a "velha pá cansada de guerra de todos os dias". Mas, de vez em quando, a luz é tal que o que é ordinário se parece extraordinário. A pá fica diferente. E esse é o momento de fotografar.

A lição que nos ensina a fazer fotografias extraordinárias de objetos ordinários diz que não devemos olhar os objetos, mas prestar atenção às aparências — observar como as coisas se parecem sob a luz momentânea.

De fato, se as circunstâncias são tais que temos o controle da luz (e não apenas esperamos que ela se apresente de forma mágica), então podemos transformar de forma positiva a aparência de coisas muito ordinárias, como prova esta foto...

Imagem

É isso. Se formos espertos vamos nos concentrar não nos objetos, mas na sua aparência debaixo da luz daquele momento.

Ai estão, portanto: cinco diferentes formas de melhorar suas imagens e fortalecer suas habilidades de observador: "Mate a confusão", "Pense em design gráfico", "Escuro sobre claro e claro sobre escuro", "Preste atenção nos relacionamentos" e "Não fotografe objetos, fotografe aparências".

E se tudo isso ai não der certo (e de vez em quando não dá), então, e somente então, vá para o Plano B - use a Regra dos Terços.

C. J. Morgam -
Nelson Maciel
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Mauro Novalo
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Mensagem por Mauro Novalo » Dom Nov 07, 2004 11:46 pm

legal isto!
bem postado
Maciel-San

Domo Arigatô
Sayonara!
abraço

Mauro
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